segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Meu relato: Nascimento de Melissa. Cesárea de urgência com 39 semanas.

Iza Mello

Não sabia por onde começar, mas aí vai (vou tentar). Minha gravidez, sempre foi tranquila. Apesar de a pressão arterial ter oscilado muito no final da gestação, não foi motivo para eu tomar medicamentos. Quando eu estava com 38 semanas, fiz uma ultrassonografia à pedido da minha médica, seria apenas uma exame de rotina. Na sexta-feira, dia 25/10, eu fiz. Durante o exame, o médico que realizou o procedimento, disse que eu estava com pouco líquido, mas que eu não deveria me preocupar. Porém, ele pediu para que eu passasse na GO de plantão. Ela olhou a ultra, auscultou os bcfs da minha filha, realizei o cardiotoco, estava tudo ok. Mas no final, ela veio conversar comigo, para me informar que teria que induzir meu parto. Na mesma hora me recusei, pois todos os exames que ela havia feito estavam oks. Na segunda, refiz o exame, e na terça-feira, consegui falar com minha GO , e ela pediu para que eu fosse à maternidade no seu plantão de quinta. Fui. Chegando lá, minha GO comparou todos os meus exames, desde a primeira USG, dos primeiros exames laboratoriais até o último exame realizado. E ela constatou que a minha filha nasceria com um peso, abaixo para a idade gestacional dela (PIG), mas que ela foi clara ao dizer que isso não era nenhum problema. O problema mesmo, era a diferença que estava dando no líquido aminiotico entre a primeira e a segunda ultra que eu realizei. A primeira deu ILA : 40 e a segunda ILA: 192. Então, fui fazer uma terceira ultra. Na terceira ultra, que eu fiz na maternidade mesmo, mostrou realmente que estava com oligodramia extrema, o ILA deu 2.8. Durante a ultra, os batimentos cardíacos da minha filha estavam entre 170 e 180, e o médico virou para minha GO e disse que era taquicardíaca. Sai da ultra, minha GO me mandou fazer o cardiotoco, onde fiquei 40 minutos e nada dos batimentos diminuírem. Quando todo o procedimento havia terminado, minha GO explicou que se fosse apenas a oligo extrema, ela poderia segurar mais alguns dias, eu teria de ir todos os dias à maternidade para fazer o cardiotoco. Mas ela explicou que a situação havia se complicado por conta da taquicardíaca da minha filha, então ela optou pela cesárea de urgência, explicou que se tentasse induzir, a minha filha corria riscos , pois batimentos cardíacos dela aumentariam por conta das contrações. Quando ela me deu a notícia da cesárea de urgência, eu estava no whatsapp com o Raphael, Samira e a minha doula Isadora, eu fiquei sem reação. Isadora, assim que soube, foi imediatamente à maternidade. Enquanto que pelo whatsapp, Raphael e Samira, me ajudavam e também me faziam entender que aquela cesárea era realmente necessária. Lembro de uma mensagem que o Raphael mandou: “ Sem choro, tá? Você fez o que pode”. E só pensava na minha filha. Isadora chegou antes do meu marido, me deu abraço. Ah, como eu precisava daquele abraço. Ficou poucos minutos comigo, pois tive que correr para a sala de cirurgia, porém o pouco tempo que ficou comigo, ela fazia com que eu “aceitasse” o que estava acontecendo. Tomei um banho na maternidade, antes de ir para a sala de cirurgia, e minutos depois meu marido chegou para acompanhar a cesárea. A pior parte pra mim, foi a anestesia. Mesmo com a equipe médica explicando o que estava acontecendo, passo a passo, não foi o suficiente para eu não entrar em pânico quando a anestesia fez efeito. Com 39 semanas, exatas, Melissa nasceu às 16:11, com apgar 1 minuto :9, 5 min: 9, pesando : 2662 e com 46 cm. E mesmo após toda a luta, brigar pelo meu PN e no final ter feito uma cesárea NECESSÁRIA, não me sinto frustrada, menos mãe, menos mulher....Entendi que foi realmente necessário para salvar a vida minha filha, e que se eu aceitasse aquela indução, poderia (quem sabe???) cair numa cesárea desnecessária e ainda seria “cedo” (estava com 38s01d). Lutei, mas infelizmente não deu para ser PN, no entanto, estou muito bem resolvida. Não tento manchar a imagem de um PN, como muitas mulheres que não conseguiram ter um parto normal fazem, só para se sentir bem por terem passado por uma cesárea. Vou defender sempre um PN Humanizado!!!!!!!!!!!!Minha filha está linda, mamando muito e no próximo bebê estarei preparada pelo VBAC,!! Se for a vontade de Deus. Estou feliz . E espero que as pessoas entendam a diferença de uma cesárea necessária, que salva vidas, de uma cesárea ELETIVA, que põe em risco a vida da mãe e do bebê. E EMPODEREM-SE! Eu me considero uma pessoa EMPODERADA, pois lutei pelo meu PN, fui até onde pude, porém foi feita a vontade de Deus. Não adianta apenas quer parto normal, tem que ler, se informar, procurar maternidade humanizada, se possível ( para mim foi FUNDAMENTAL, mesmo no final da gravidez) ter uma DOULA.
A mulher também tem que fazer sua parte.