quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Limpando o umbigo

Vejo muitas mães com medo de machucar os seus bebês na hora de limpar o umbigo, principalmente nos primeiros dias, antes do coto (aquele pedaço que fica pendurado) cair.
Ponto principal: o coto é um tecido "morto", logo, não doí.
Retirado de http://blognananene.blogspot.com.br/2013/04/limpeza-do-umbigo.html
Tendo isso em mente, fica mais fácil entender que não é preciso ter medo de machucar.
Tá. o bebê sempre chora quando limpa, então doí!
Não, não doí! O choro é por causa do álcool gelado que incomoda. Faça o teste! Coloque um pouco de álcool na tua barriga.


Como limpar o coto?
Antes de tudo, lavar bem as mãos e tirar a roupa do bebê (não precisa tirar a fralda);
Umedeça com álcool 70% uma haste com algodão (cotonete) e  passe em volta do cordão, onde encosta na barriga;
Não tem problema mexer o coto pra cima, pra baixo, pros lados;
Não é necessário usar qualquer outro produto (mertiolate, mercúrio.....);
Deixar a fralda abaixo do coto.

Retirado de www.pediatriaemfoco.com.br
Esse procedimento também pode ser feito a cada troca de fralda.

O que não fazer!

Enfaixar, colocar "botões", moedas! Já é comprovado que o uso dessas coisas não são auxiliam, pelo contrário, podem causar mal cheiro e infecção. 

Parece algo bem simples, mas sempre surgem dúvidas. Estamos aqui para esclarecê-las. Deixe suas perguntas aqui ou na pagina do facebook.


Referências :
A saúde do coto umbilical./Eliane Fonseca Linhares.- 3ª.ed.- Jequié: UESB, 2011. 
ORIENTAÇÃO PARA LIMPEZA DO COTO UMBILICAL EM RECÉM-NASCIDOS - IV Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba, 2004





sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Pé, meu querido pé!



Há duas semanas, o Secretário de Saúde de SP anunciou a ampliação do teste do pezinho para todo o território nacional, teste este que em geral é realizado no Hospital antes mesmo da mãe e do bebê receberem alta, mas a questão é... Alguém já te explicou para que serve?
            O Teste do Pezinho, também chamado de Triagem Neonatal, é um exame simples, rápido e hoje garantido por lei em todo o território nacional. A realização do exame é muito simples e consiste na coleta de gotinhas de sangue retiradas do calcanhar do bebê. O grande "Q" deste teste é que ele é capaz de detectar precocemente doenças genéticas, do metabolismo e infecciosas que podem afetar o desenvolvimento do bebê, doenças estas que sendo diagnosticadas muito cedo podem ser tratadas minimizando os impactos sobre a vida deste novo "ser" tão importante.
            Na maioria das maternidades, o exame é coletado quando o bebê completa 48h de vida, porém pode ser coletado em laboratórios externos idealmente na 1° semana de vida.
            Hoje, o Teste do Pezinho é capaz de identificar até 48 patologias, porém o mais realizado é o teste capaz de identificar 6 até 8 patologias tratáveis, são elas:

Fenilcetonúria = É uma doença genética que é causada pela falta de uma enzima que transforma um aminoácido, presente em algumas proteínas, em uma forma que o fará componente das proteínas dos seres vivos. Quando não ocorre esta transformação, a enzima é acumulada e pode afetar o cérebro. Essa doença ocorre 1 vez a cada 10.000 nascidos. O tratamento é através da exclusão da Fenilalanina da dieta, este tem tido bom prognóstico para o desenvolvimento, principalmente quando iniciada antes de 3 semanas de vida. E antes que alguém diga: Ahhh, minha alimentação é super saudável... Vai à informação, nenhum tipo de dieta grupal está imune da Fenilalanina, seja carnívora, vegetariana ou até mesmo vegana. Segue o exemplo de alguns alimentos ricos em Fenilalanina: feijão, lentilha, grão-de-bico, soja, carnes, aves, peixes e frutos do mar, ovos, leite e derivados, leite materno ou fórmula infantil,arroz, beterraba, cenoura, tomate, cebola, batata, brócolis, repolho, abóbora, abobrinha, berinjela, couve-flor, chuchu, almeirão, couve, maçã, mamão, abacaxi, banana, figo, laranja, maçã, manga, melancia, melão, pera e pêssego, entre outros. Ou seja,
Galactosemia = É uma doença genética causada pela deficiência de uma enzima responsável pelo processamento do açúcar contido no leite. Quando crianças com Galactosemia ingerem leite, ocorre o acúmulo de galactose no fígado, rins, cérebro e olhos prejudicando estes órgãos. Os sintomas incluem problemas de coagulação, icterícia (amarelão), hipoglicemia (baixa de açúcar no sangue), glicose na urina, excesso de glicose no sangue, excesso de acidez no sangue e catarata. Nestes casos, a criança não deve tomar leite ou substâncias que contenham lactose e galactose.
Deficiência de Biotionidase  = É uma doença genética causada pela deficiência de uma enzima que reaproveita uma vitamina chamada biotina encontrada em leveduras, arroz integral, nozes, leite, carnes, frutas e ovos. A falta desta vitamina pode resultar em convulsões, fraqueza muscular, erupções da pele, queda de cabelo, acidez no sangue e deficiência imunológica. O tratamento é baseado na introdução de altas doses desta vitamina.
Anemia Falciforme = É uma alteração, herdada dos pais, que afeta as células do sangue modificando sua forma. Se o recém-nascido tiver herdado um gene de anemia da mãe e outro do pai, ele não apresenta sinais de doença porque nasce com uma quantidade de hemoglobina fetal aumentada que age contra os efeitos da hemoglobina alterada; neste caso é considerado doente já sendo confirmada a Anemia Falciforme. Se o recém-nascido tiver herdado o gene de apenas um dos pais ele será considerado um portador. Nos primeiros 6 meses de vida não apresente sinais, após pode apresentar anemia, icterícia, dores ósseas, articulares e abdominais, infecções de repetição, sintomas similares aos que são diagnosticados com a anemia falciforme ; em geral, este tipo de portador permanece assintomático durante toda a vida e o diagnóstico só virá a ser feito com exames de laboratório. O recém-nascido está protegido contra as manifestações clínicas da anemia falciforme até os 6 meses, pela presença de hemoglobina fetal. Existe necessidade de acompanhamento médico para todo o doente de anemia falciforme. O traço falciforme NÃO é doença.

Glicose 6-Fosfato Desidrogenase (G-6 PD) = Esta é uma doença herdada geneticamente ligada ao cromossomo X e que, geralmente, atinge os homens. No Brasil, mais de 1% da população é portadora (acredite... 1% da 5° maior população do mundo é muita gente). Este é o distúrbio metabólico mais comum dos glóbulos vermelhos causado por alterações de enzimas que permitem a estabilidade da “parede” das células do sangue. Pessoas com esta doença podem apresentar anemia, icterícia e aumento do baço; alguns casos de crises agudas de anemia estão relacionados ao contato com alguns alimentos ou algumas substâncias químicas como a Aspirina. Se o bebê for assintomático, não é necessário tratamento, porém uma série de medicamentos deve ser evitada, conforme orientação médica, para evitar potenciais destruidores de células do sangue.

Hipotireoidismo Congênito = Esta é uma deficiência em dois hormônios (T3 e T4) produzidos pela glândula tireoide que se encontra na região do pescoço. Estes hormônios são fundamentais para a regulação da produção e do consumo de energia pelo organismo humano, além disso, atuam desde a fase uterina no processo de crescimento e desenvolvimento e na maturação do sistema nervoso central. Esta deficiência pode ser adquirida durante a vida por alterações auto-imunes, inflamatórias ou infecciosas e, também, antes do nascimento através de alterações genéticas, ambientais ou do próprio corpo da mãe. Para os bebês, esta disfunção pode levar ao prejuízo no crescimento da criança e a um retardo mental. Nas primeiras semanas de vida os sinais e sintomas são quase poucos, passando despercebido. Ocorre 1 caso a cada 4000 nascimentos, mas esta estatística aumenta para 1 a cada 2.000 nascidos em regiões carentes de Iodo. Quando diagnosticado no momento certo é facilmente tratado e controlado sem nenhum prejuízo para o crescimento e desenvolvimento da criança.

Hiperplasia Congênita da Suprarrenal = Este é um defeito na produção de hormônios pelas glândulas suprarrenais (que ficam acima do rim). Com esta deficiência, uma parte do cérebro um hormônio em excesso para estimular estas glândulas, com isso elas acabam aumentando e, na maioria das vezes, gera o aumento na produção dos hormônios que controlam a masculinização do corpo, sem compensar a falta dos hormônios que controlam o metabolismo da água e do sal do organismo. Esta doença é causada pela alteração ou mutação de genes que controlam o funcionamento de cada enzima que regula a produção de hormônios. Esta doença pode levar à masculinização da criança, além de provocar vômitos e desidratação, com perda de sal e água. Este é o diagnóstico mais complicado de ser feito, por isso os casos suspeitos devem ser avaliados precocemente.

Toxoplasmose = Esta é uma doença causada por um parasita que habita o intestino dos gatos, onde se multiplica. Em outros animais este parasita é capaz de formar cistos nos músculos, cérebro, retina entre outros órgãos, mas não consegue completar seu ciclo de vida. O maior transmissor é o gato, mas qualquer animal pode ter os cistos em sua musculatura e ao comer carne crua ou frutas e verduras que não foram bem lavadas, o ser humano pode adquirir a Toxoplasmose. A mãe também pode transmitir para o seu bebê durante a gravidez, no geral isto ocorre quando a mãe se contamina e tem a doença durante a gestação. Para o bebê é algo extremamente sério, podendo gerar calcificações cerebrais, malformações e problemas na retina. A Toxoplasmose tem tratamento efetivo, mas este deve ser iniciado antes mesmo de alguma alteração clínica.

Agora que sabe a importância, lembre-se de buscar o exame e de levá-lo ao pediatra o quanto antes, todo o tratamento é mais efetivo quando iniciado precocemente.
Ahhh, no começo eu disse que em geral o Teste tem sua coleta realizada no próprio Hospital em que o bebê nasceu, mas não me esqueci daqueles que nasceram no conforto do seu lar. Para você que decidiu ter o seu bebê em casa (coisa linda de Deus), você pode realizar o Teste do Pezinho na APAE, basta levar a DNV preferencialmente até 0 10° dia de vida do bebê.
APAE - Rua Loefgren, 2.109 - Vila Clementino - São Paulo - SP - CEP: 04040-033. Entre em contato através do (11) 5080-7000.
Outros estados consultem através do http://www.apaebrasil.org.br/federacoes-estaduais.phtml.

Bibliografias:
ALBERT EINSTEIN. Gravidez e Bebê: Teste do Pezinho. Disponível em: http://www.einstein.br/einstein-saude/gravidez-e-bebe/Paginas/teste-do-pezinho.aspx
APAE BRASIL. Federações Estaduais. Disponível em: http://www.apaebrasil.org.br/federacoes-estaduais.phtml
APAE DE SÃO PAULO. Conheça os tipos de Teste do Pezinho da APAE São Paulo. Disponível em: http://www.apaesp.org.br/OQueFazemos/ParaAPrevencaoDaDeficienciaIntelectual/Paginas/testes.aspx
PORTAL DA SAÚDE SUS. Doença Faciforme. Disponível em: http://portalsaude.saude.gov.br/portalsaude/texto/8441/848/doenca-falciforme.html


Por: Susana Souza Santos/Obstetriz.


domingo, 8 de dezembro de 2013

Dicas para lidar com as principais queixas durante a gestação

Todos sabem que durante a gestação o nosso corpo sofre algumas alterações. 
Essas alterações não são apenas físicas. As funções do organismo se modificam nesse período e surge a necessidade de adaptações.
Devido à essas modificações, as gestantes acabam sentindo alguns sintomas. Vale dizer que cada mulher é única e que algumas podem não sentir nada e outras podem perceber esses sintomas de forma mais acentuada.
Para ajudar a lidar com essas alterações, fizemos uma pequena lista com dicas para as principais queixas.

Náuseas e Vômitos:
- Realizar uma dieta fracionada;
- Evitar ingestão de frituras, gorduras e alimentos condimentados;
- Evitar alimentos com odores fortes ou desagradáveis;
- Evitar a ingestão de líquidos durante as refeições;
- Comer bolachas de água e sal antes de se levantar ou tomar um copo de água gelada com algumas gotas de limão.
Imagem retirada do site: http://praxisconsors.org

Sialorréia (produção excessiva de saliva):
- Ingerir líquidos em abundância;
- Engolir a saliva (evitar cuspir);


Fraquezas, Vertigens e Desmaios:
- Realizar dieta fracionada;
- Ingerir chá ou café com açúcar como estimulante (caso você não tenha contra-indicação;
- Evitar ambientes mal ventilados);
- Evitar mudança de posição e inatividade;
- Sentar-se com a cabeça abaixada ou deitar-se de lado respirando profundamente e realizando pausas;
- Evitar mudar de posição bruscamente;
- Deitar-se e colocar as pernas mais altas que a cabeça.

Polaciúria (urinar em maior frequência):
- Realizar higiene íntima adequadamente;
- Nas consultas de pré-natal relatar se sente dor ao urinar ou se perceber sangue na urina;
- Evitar calcinhas apertadas;
- Evitar tomar muito líquido antes de se deitar.

Sangramento das gengivas:
- Utilizar escova macia;
- Massagear a gengiva;
- Não deixar de se consultar com o odontologista.

Câimbras:
- Massagear o músculo contraído e dolorido;
- Aplicar calor local;
- Evitar excesso de exercício;
- Evitar sapatos apertados e de salto alto.

Pirose (azia):
- Realizar dieta fracionada;
- Evitar frituras e alimentos picantes;
- Evitar café, chá, doces, bebidas alcoólicas, refrigerantes e fumo;
- Ficar aproximadamente 30 minutos sentada após as refeições.

Flatulência e Constipação intestinal:
- Realizar dieta rica em fibras;
- Evitar alimentos de alta fermentação;
- Aumentar a ingestão de líquidos (água e sucos);
- Realizar caminhadas;
- Ingerir frutas com bagaço, verduras cruas e cereais integrais.

Hemorróidas:
- Realizar dieta rica em fibras;
- Não usar papel higiênico colorido e/ ou muito áspero;
- Após defecar deve-se realizar a higiene do períneo com água e sabão neutro;

- Evitar ingerir alimentos apimentados.

Alteração do Padrão Respiratório:
- Deitar-se de lado com travesseiros altos para elevar o tórax e melhorar a expansão pulmonar.

Desconforto Mamário:
- Usar sutiã com boa sustentação.

Lombalgia:  
- Corrigir a postura ao sentar-se e ao andar;
- Usar sapatos baixos e confortáveis;
- Aplicação de calor local por compressas ou banhos mornos;

- Praticar Yoga, Hidroginástica ou Pilates que auxiliam na postura e alívio da dor.

Imagem retirada do site: www.vidasaudavel.powerminas.com

Varizes:
- Não permanecer muito tempo em pé ou sentada;
- Repousar com as pernas elevadas;
- Não usar roupas muito justas.

Hiperpigmentação da pele:
- Utilizar sempre protetor solar e chapéu quando for expor-se ao sol.

Estrias:
- Utilizar loção hidratante no corpo, como óleo de amêndoas;
- Evitar tomar sol nas horas de intensa radiação;
- Não usar calcinhas apertadas abaixo do umbigo.

Edemas (inchaço):
- Repousar periodicamente com as pernas elevadas;
- Praticar exercícios físicos moderados;
- Evitar ficar de pé ou sentada por longos períodos;
- Evitar roupas apertadas;

- Realizar drenagem linfática de acordo com a orientação do profissional que te acompanha na gestação;
- Manter uma boa postura.


Imagem retirada do site: www.lookbebe.com.br

Se suas queixas forem muito frequentes ou se mesmo seguindo essas dicas elas persistirem, é importante que procure um serviço de saúde para avaliar a necessidade de usar medicamentos. E lembre-se de nunca se medicar sem prescrição médica, afinal, alguns medicamentos não podem ser utilizados durante a gravidez!

Referências:
Ministério da Saúde. PROFAE, 2006.
Ministério da Saúde. Manual Técnico Pré-natal e puerpério. Atenção qualificada e humanizada. Brasília. 2006
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quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Nasceu! E agora, o que deixar (ou não) fazer com o bebê?

Você passa meses se preparando para o nascimento do bebê, lendo tudo sobre trabalho de parto e parto, se deparando com nomes estranhos como episiotomia, e descobrindo quais procedimentos você aceita ou não aceita na hora do parto. Depois de muita leitura e indecisões, enfim você chega ao seu plano de parto. E plano de parto envolve também o bebê. O que você deseja que aconteça com ele após o nascimento?
Os médicos particulares ou hospitais têm protocolos para toda a fase de nascimento, inclusive para o pós-parto. Os neonatologistas (médicos que cuidam do bebê desde o nascimento até cerca de 28 dias) , assim como os Obstetras, podem ter visões muito diferentes do processo de nascimento. Ou seja, podem ser intervencionistas ou humanizados. Quando conseguimos pagar pelo parto, podemos escolher os profissionais, e aí contratar alguém com os mesmo ideais que os nossos tornam as coisas um pouco menos preocupantes. Já quando vamos parir no SUS, somos recebidas por uma equipe de plantão, não escolhemos, porém tal equipe deve respeitar nossa autonomia e decisões (e, portanto, respeitar a lei). O que precisamos entender é que, assim como o parto, o filho é seu, e portanto você pode tomar algumas decisões sobre as condutas que serão feitas nele. Para ajudar nessa decisão, vamos entender duas clássicas intervenções feitas no bebê, que em muitos locais são de rotina:

Administração de vitamina K: Administração de vitamina K se dá oralmente ou por meio de injeção intramuscular, sendo esta última a via mais utilizada nos hospitais. A administração de vitamina K foi incluída na rotina dos serviços com o intuito de prevenir a doença hemorrágica do recém-nascido, caracterizada pela tendência ao sangramento. A justificativa é que os recém-nascidos teriam baixa quantidade de vitamina K no sangue, necessária para o processo de coagulação. Essa situação pode ocorrer quando a placenta não oferece a passagem adequada de gordura e, consequentemente, de vitamina K (lipossolúvel) para o bebê. Sabe-se que os bebês com maiores riscos de doença hemorrágica são aqueles que tiveram partos traumáticos, como com uso de fórceps ou cesárea de emergência, prematuros ou baixo peso ao nascer, filhos de mães que usaram anticonvulsivantes ou anticoagulantes na gestação. Devido a isso, a aplicação de vitamina K como rotina vem sendo questionada por cientistas e profissionais que acreditam que deva-se conhecer a história materna e oferecer um atendimento personalizado, baseado nas deficiências e necessidades de cada gestante, evitando intervenções desnecessárias.

Administração de nitrato de prata (Método Credê): É a aplicação de uma gota de solução de nitrato de prata a 1% nos olhos do bebê na primeira hora de vida (Figura), a fim de evitar a oftalmia (conjuntivite) neonatal gonocócia, causada pelo gonococo ou Neisseria gonorrhoeae. Essa bactéria pode ser transmitida da mãe para o bebê através do canal de parto, caso a mãe esteja infectada. O colírio arde o olho do recém-nascido, atrapalha a visão e dificulta a abertura ocular, interferindo a criação do vínculo entre mãe e bebê. Além disso, o nitrato de prata pode causar a chamada conjuntivite química, que ocorre em cerca de 20% dos bebês que receberam o medicamento. Para evitar a administração de nitrato de prata no seu bebê, solicite ao seu obstetra a cultura para gonorréia durante o pré-natal. Leve o resultado negativo ao seu pediatra e argumente com ele o uso do medicamento. Caso você tenha seu parto no SUS, leve o resultado e mostre ao pediatra de plantão.

Figura. Recém-nascido recebendo nitrato de prata a 1%.

Referências:
Wickham, S. Vitamin K - An alternative perspective. AIMS Journal, Summer 2001, Vol 13, No 2.
Prefeitura de São Paulo. Oftalmia neonatal e utilização de nitrato de prata colírio a 1% (Método de Credê).

domingo, 1 de dezembro de 2013

Tenho muito leite, e agora?

Algumas mulheres produzem uma quantidade grande de leite e seus bebês acabam não dando conta de mamar tudo. O resultado é uma mama ingurgitada, dolorida e que pode causar desconforto. 
Uma boa saída é realizar uma massagem com movimentos circulares em toda a mama até amolecê-la e depois realizar a ordenha, colocando os dedos polegar e indicador ao redor da aréola e comprimindo-a repetidas vezes de cima para baixo até que o leite saia e a mama esvazie. 
Lembre-se de higienizar as mãos antes da ordenha e se possível utilizar gorro e máscara.

Figura 1: Técnica de ordenha de leite humano

O ideal é armazenar o leite em um recipiente de vidro com tampa de plástico, que deve ser lavado sem o rótulo, fervido (completamente imerso em água) por 15 minutos e colocado sobre um pano limpo com a tampa para baixo até que seque naturalmente.
O leite pode ser armazenado no congelador por 15 dias, no freezer por 3 meses e na geladeira por 12h. Recomenda-se etiquetar o pote com a data e hora da coleta para que não haja vencimento, além de congelar individualmente a quantidade de cada mamada para não ter desperdícios.
O descongelamento deve ser feito em banho-maria e o leite não deve ser recongelado.
Na hora de oferecer o leite ordenhado ao seu filho, a forma mais adequada é através de copinho ou colher. A mamadeira não é indicada, pois pode haver confusão de bicos e o bebê ter dificuldade com a pega no peito.

Uma ótima opção é doar o leite excedente e assim ajudar bebês que permanecem internados em UTI neonatal.
Para se tornar uma doadora basta ser saudável e não fazer uso de medicações. Se você se enquadra nesses requisitos basta procurar o Banco de Leite Humano mais próximo da sua casa, em um primeiro momento é necessário fazer alguns exames e depois a equipe irá te orientar com relação ao preparo do frasco, higienização, congelamento e ordenha. Alguns bancos inclusive buscam semanalmente o leite na residência da doara, assim ela não precisa se deslocar.
No site da FIOCRUZ é possível encontrar o Banco de Leite mais próximo da sua casa:  http://www.fiocruz.br/redeblh/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=1532&sid=173

Figura 2: Campanha de doação de leite materno (2011).

Figura 3: Campanha de doação de leite materno (2013).

Leia mais sobre o assunto em:
http://www.redeblh.fiocruz.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=360

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Refluxo Gastroesofágico

Muitas mães tem me perguntado se é normal o bebê regurgitar (vomito, refluxo) após as mamadas. Antes de explicar o motivo do refluxo, é importante saber como funciona.
Após engolirmos o alimento, este é encaminhado para o estômago por um "tubo" (esôfago). Separando esses dois órgãos, existe uma "porta" (esfincter) que abre para o alimento passar e fecha para não voltar.
Quando este esfincter não funciona direito, o conteúdo do estômago volta em forma de regurgitação ou vômito.
Voltando à pergunta: "é normal meu bebê regurgitar?" Sim, é bastante comum até os 6 meses de vida, porque as chamadas "barreiras de refluxo" (principalmente o esfincter do esôfago) ainda não estão completamente maduras. Embora possa causar irritação ou desconforto respiratório no bebê chamamos este evento de refluxo fisiológico (aquele que faz parte do desenvolvimento).
Após os 6 meses, essas barreiras de refluxo já estão maduras e desempenham melhor seu papel e, coincidindo com a introdução de alimentos sólidos após os 6 meses, a incidência desses eventos diminui de 80% a 100%. 

O que fazer?
Por ser um evento fisiológico, não é necessário tratamento medicamentoso ou cirúrgico (mais abaixo falaremos sobre o refluxo patológico), porém alguns hábitos podem ser adquiridos para auxiliar: 
-Antes da introdução de alimentos:
         -deixar o bebê em pé após as mamadas;
         -ofertar o leite materno em menores quantidades, porém mais vezes;
         -elevar a cabeça do bebê ao deitá-lo (aproximadamente 30º - um travesseiro é o suficiente);
         -deitá-lo de lado, com o braço direito para baixo.

-Após a introdução de alimentos:
         -oferece-los em pedaços pequenos, em pequena quantidade;
         -evitar frituras, gorduras, sucos cítricos, tomate, cafeína (café e chá mate) e bebidas com gás.

Nos casos de refluxo patológico, o bebê apresenta sintomas mais graves como dor abdominal, deficit de crescimento, hemorragias digestivas (sangue nas fezes) e maior dificuldade para respirar. O ideal é procurar o pediatra a fim de realizar exames que diagnostiquem e que se prescrevam medicamentos para diminuir a causa do refluxo. Atualmente a cirurgia do esfincter é pouco indicada devido a grande quantidade de medicamentos no mercado, porém em alguns casos (diagnosticados por exames) estas são necessárias.

GUIMARAES, Elizabet Vilar; MARGUET, Christophe; CAMARGOS, Paulo Augusto Moreira. Tratamento da doença do refluxo gastroesofágico. J. Pediatr. (Rio J.),  Porto Alegre ,  v. 82, n. 5, supl. Nov.  2006

NORTON, Rocksane C; PENNA, Francisco J. Refluxo gastroesofágico. Porto Alegre. Jornal de Pediatria - Vol. 76, Supl.2, 2000
http://www.saudemedicina.com/refluxo-gastroesofagico-sintomas-e-causas/

domingo, 24 de novembro de 2013

Bolsa rompeu bebê nasceu... Será?

Nesses dois últimos meses ouvi diversos relatos de mulheres que tiveram cesarianas porque a bolsa tinha rompido há mais de x horas (6h no máximo). Inicialmente só fazia aquela cara de ué, mas não tentava explicar, afinal já tinha acontecido e o momento era o de aproveitar o bebê. Porém decidi conversar sobre isso com vocês, afinal, por mais que já tenha acontecido podemos nos empoderar para que no próximo esse mito não prevaleça novamente.
Fazendo uma breve revisão, o líquido amniótico tem diversas funções, sendo as principais: permitir a movimentação do bebê, proteger contra impactos e a integridade das membranas que envolvem o líquido garante a proteção contra infecções.
Há muito tempo a mídia tem colocado em filmes e novelas gestantes que estão quietinhas e do nada a bolsa rompe, escorre uma cachoeira de líquido e pronto, em poucos minutos o bebê está nos braços da mãe, porém na vida REAL essa cena é bem rara.
Fato é que este ocorrido não pode ser simplesmente ignorado, pelo contrário, a gestante deve estar sempre atenta à perda de líquido e se caso isto ocorrer deve entrar em contato com sua parteira ou se dirigir a um Hospital. 

Momento de rotura:
Entre 24 e 26 semanas: o bebê é incapaz de viver fora do útero e por isso a gestação é interrompida. 

De 26 até 34 semanas: a conduta é expectante, ou seja, apenas espera-se com orientação de tomar muita água e avaliação constante e do bem-estar fetal para a detecção precoce de infecção ou sofrimento fetal, caso exista algum destes sinais a gestação será interrompida com a realização do parto prematuramente. 

Após 34 semanas: a gestação deve ser finalizada com a resolução do parto.

Porém o grande questionamento é referente à: Devemos induzir o trabalho de parto? A cesárea é a melhor opção? Quanto tempo devemos esperar para que o início do trabalho de parto ocorra?
Alguns trabalhos científicos identificaram que a maioria das gestantes com mais de 37 semanas de gestação entram em trabalho de parto espontaneamente em até 12h de bolsa rota e que o risco de infecção para o bebê aumenta com 24h de bolsa rota. Porém este risco não pode ser avaliado isoladamente, existem fatores que podem minimizar este risco, por exemplo, mulheres com pesquisa de Strepto negativa têm um aumento de risco insignificante após 24h de bolsa rota.
Outra grande questão é o uso de antibiótico em casos de bolsa rota... Os protocolos mais recentes da Secretaria de Saúde de São Paulo afirmam que o uso de antibiótico não deve ser feito em todas as mulheres, mas apenas naqueles em que os resultados de Strepto forem positivos ou desconhecidos; porém em mulheres com Strepto negativo não há necessidade de realizar profilaxia intraparto mesmo diante de fatores de risco como: idade gestacional < 37 semanas, bolsa rota há mais de 18h ou temperatura materna acima de 38°C. 

Então o que devo fazer?
Se sua bolsa romper, antes de qualquer outra ação, mantenha a calma, anote a quantidade de líquido que escorreu, qual é a sua cor e o cheiro que o mesmo tem. No final da gestação é comum que as mulheres tenham uma lubrificação vaginal aumentada bem como corrimentos que não estão ligados a nenhum tipo de doença, além de poder apresentar pequena incontinência urinária o que leva muitas vezes a confundir tudo isso com a possível perda de líquido. Então vai a dica: o líquido amniótico em estado normal é claro e com um cheiro muito parecido ao de água sanitária.
Se estiver sendo acompanhada por um profissional específico, informe-o sobre o ocorrido para que possa fazer a monitorização do feto. Não permita que sejam realizados toques repetidos para a avaliação da dilatação (este sim pode aumentar muito o risco de infecção). Beba muita água, o líquido tem capacidade de se repor rapidamente após a ingestão hídrica. E por fim, não tenha relações sexuais.
A decisão de ir ou não para o hospital deve ser avaliada pela mulher e se caso ela esteja sendo acompanhada por um profissional específico, orientada pelo mesmo. Todos os riscos devem ser avaliados, lembrando que a ANVISA alerta sobre os seguintes fatores de risco para infecção em recém-nascidos (RN):
- Peso ao nascer, quanto menor o peso do bebê maior é o risco de infecção hospitalar.
- Defesa imunológica diminuída, quanto mais prematuro menor é a imunidade do RN.
- Necessidades de procedimentos invasivos ex: coleta de sangue para dosagem de glicemia, intubação, drenagem de tórax entre outros.
- Alteração da flora bacteriana, uma vez que, durante a internação, os recém-nascidos são colonizados por bactérias do ambiente hospitalar, muitas vezes resistentes aos antibióticos e altamente virulentas. O que nos leva a repensar sobre qual é o melhor ambiente para se nascer.

Diante destes alertas da ANVISA fica claro que a cesárea não é de forma alguma a decisão mais adequada para a resolução de gestações com bolsa rota sem alteração da vitalidade fetal. Para ficar mais claro o risco da cesárea para o recém-nascido segue alguns dados:
- O cálculo da idade gestacional no Brasil é feito a partir da data da última menstruação, porém a fecundação só ocorre 14 dias após esta data que é quando há a liberação dó óvulo, ou seja, nossos cálculos têm um erro fixo de duas semanas, sendo assim um bebê com 37 semanas de gestação na verdade tem apenas 35 (mais um motivo para não realizarmos cesárea de data marcada).
- Grande parte das cesáreas eletivas é feitas de bebês prematuros, fazendo com que tenham baixo peso ao nascer, menor defesa imunológica e que como consequência precisem de procedimentos invasivos. 

Então agora você já sabe que a bolsa rota NÃO é indicação de cesárea e que você tem pelo menos 24h seguras para esperar que o seu trabalho de parto ocorra naturalmente e, caso você esteja muito decidida não se sinta só, na literatura encontramos períodos de espera que vão de 12h até 96h, mas se mesmo assim se sentir só... Entre em contato conosco, somos uma equipe de 5 obstetrizes prontos para ajudá-la!

Referências:
ANVISA. Pediatria: Prevenção e Controle da Infecção Hospitalar – Infecções Hospitalares em Neonatologia. Editora ANVISA, Brasília, 2006. p 39-62.
SECRETARIA MUNICIPAL DA SAÚDE. Prefeitura do Município de São Paulo. Áreas Técnicas da Saúde da Mulher e da Criança e Assistência Laboratorial. Disponível em: http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/saude/arquivos/mulher/Prot_estreptococo_B.pdf.

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

A crise das 37 semanas

Quando o casal engravida começa a incessante busca de informações sobre gestação e parto. No meio da avalanche de novas descobertas, surge a informação: a gestação pode durar de 37 até 42 semanas, quando o bebê já é considerado de termo, ou seja, fase em que o bebê teoricamente já está pronto para nascer (digo teoricamente pois a certeza de que o bebê está realmente pronto é o trabalho de parto. Se o trabalho de parto não ocorreu, o desenvolvimento do bebê dentro do útero possivelmente não se completou).
A partir daí a contagem regressiva pro nascimento começa.

Embora a maioria dos casais tenham a informação de que a gestação pode durar 42 semanas, eles sabem que depois de 37 semanas a qualquer hora o trabalho de parto pode dar as caras, e que, com ele, vem o (a) tão esperado (a) filho (a), então começa a contagem regressiva, que a maioria das vezes é feita tomando por base as 37 semanas. E a típica pressa do ser humano cria um ambiente de ansiedade nunca visto antes, que se inicia lá pelas 35 semanas de gestação. São os momentos finais!!! Ou não... E é aí que mora o perigo. 
Pra piorar o quadro de ansiedade, vem a curiosidade de parentes, vizinhos e amigos que, após 37 semanas de gestação, perguntam diariamente à mulher: "já nasceu?", lembrando sempre de dizer, logo após: "nossa, mas ele (a) não vai nascer não?!", "vai passar da hora...". 
Pronto. A angústia está instalada.

Vamos entender o que ela está sentido: ela sabe que o bebê pode nascer com 37 semanas. Então, semanas antes ela já começa a pensar em que dia o nascimento pode cair, que dia seria perfeito, o que fazer na hora, que cor pintar a unha pra tão esperada chegada e como será a sensação de ver o bebê pela primeira vez. Não que ela já não tenha pensado nisso tudo desde o resultado positivo, mas agora isso está mais perto, mais concreto e a ansiedade fica a mil! Ela dorme desejando que entre em trabalho de parto e acorda irritada por não ter sido naquela noite. Dá pra imaginar a sensação? Dá pra imaginar a ansiedade? E ai, eis que todo santo dia vem AQUELA pergunta: "e ai, já nasceu??" E ela usa a última gota de paciência que lhe resta pra responder, educadamente, que ainda não.

É perfeitamente compreensível o estímulo de quem pergunta, mas as pessoas precisam entender o outro lado da história também. É angustiante esperar o nascimento natural. E a angústia fica ainda maior toda vez que ela precisa responder à essa pergunta com uma negativa. 

E então, o que fazer? Esperar. Quando nascer, quem for próximo à ela ou tiver um facebook, saberá.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Meu relato: Nascimento de Melissa. Cesárea de urgência com 39 semanas.

Iza Mello

Não sabia por onde começar, mas aí vai (vou tentar). Minha gravidez, sempre foi tranquila. Apesar de a pressão arterial ter oscilado muito no final da gestação, não foi motivo para eu tomar medicamentos. Quando eu estava com 38 semanas, fiz uma ultrassonografia à pedido da minha médica, seria apenas uma exame de rotina. Na sexta-feira, dia 25/10, eu fiz. Durante o exame, o médico que realizou o procedimento, disse que eu estava com pouco líquido, mas que eu não deveria me preocupar. Porém, ele pediu para que eu passasse na GO de plantão. Ela olhou a ultra, auscultou os bcfs da minha filha, realizei o cardiotoco, estava tudo ok. Mas no final, ela veio conversar comigo, para me informar que teria que induzir meu parto. Na mesma hora me recusei, pois todos os exames que ela havia feito estavam oks. Na segunda, refiz o exame, e na terça-feira, consegui falar com minha GO , e ela pediu para que eu fosse à maternidade no seu plantão de quinta. Fui. Chegando lá, minha GO comparou todos os meus exames, desde a primeira USG, dos primeiros exames laboratoriais até o último exame realizado. E ela constatou que a minha filha nasceria com um peso, abaixo para a idade gestacional dela (PIG), mas que ela foi clara ao dizer que isso não era nenhum problema. O problema mesmo, era a diferença que estava dando no líquido aminiotico entre a primeira e a segunda ultra que eu realizei. A primeira deu ILA : 40 e a segunda ILA: 192. Então, fui fazer uma terceira ultra. Na terceira ultra, que eu fiz na maternidade mesmo, mostrou realmente que estava com oligodramia extrema, o ILA deu 2.8. Durante a ultra, os batimentos cardíacos da minha filha estavam entre 170 e 180, e o médico virou para minha GO e disse que era taquicardíaca. Sai da ultra, minha GO me mandou fazer o cardiotoco, onde fiquei 40 minutos e nada dos batimentos diminuírem. Quando todo o procedimento havia terminado, minha GO explicou que se fosse apenas a oligo extrema, ela poderia segurar mais alguns dias, eu teria de ir todos os dias à maternidade para fazer o cardiotoco. Mas ela explicou que a situação havia se complicado por conta da taquicardíaca da minha filha, então ela optou pela cesárea de urgência, explicou que se tentasse induzir, a minha filha corria riscos , pois batimentos cardíacos dela aumentariam por conta das contrações. Quando ela me deu a notícia da cesárea de urgência, eu estava no whatsapp com o Raphael, Samira e a minha doula Isadora, eu fiquei sem reação. Isadora, assim que soube, foi imediatamente à maternidade. Enquanto que pelo whatsapp, Raphael e Samira, me ajudavam e também me faziam entender que aquela cesárea era realmente necessária. Lembro de uma mensagem que o Raphael mandou: “ Sem choro, tá? Você fez o que pode”. E só pensava na minha filha. Isadora chegou antes do meu marido, me deu abraço. Ah, como eu precisava daquele abraço. Ficou poucos minutos comigo, pois tive que correr para a sala de cirurgia, porém o pouco tempo que ficou comigo, ela fazia com que eu “aceitasse” o que estava acontecendo. Tomei um banho na maternidade, antes de ir para a sala de cirurgia, e minutos depois meu marido chegou para acompanhar a cesárea. A pior parte pra mim, foi a anestesia. Mesmo com a equipe médica explicando o que estava acontecendo, passo a passo, não foi o suficiente para eu não entrar em pânico quando a anestesia fez efeito. Com 39 semanas, exatas, Melissa nasceu às 16:11, com apgar 1 minuto :9, 5 min: 9, pesando : 2662 e com 46 cm. E mesmo após toda a luta, brigar pelo meu PN e no final ter feito uma cesárea NECESSÁRIA, não me sinto frustrada, menos mãe, menos mulher....Entendi que foi realmente necessário para salvar a vida minha filha, e que se eu aceitasse aquela indução, poderia (quem sabe???) cair numa cesárea desnecessária e ainda seria “cedo” (estava com 38s01d). Lutei, mas infelizmente não deu para ser PN, no entanto, estou muito bem resolvida. Não tento manchar a imagem de um PN, como muitas mulheres que não conseguiram ter um parto normal fazem, só para se sentir bem por terem passado por uma cesárea. Vou defender sempre um PN Humanizado!!!!!!!!!!!!Minha filha está linda, mamando muito e no próximo bebê estarei preparada pelo VBAC,!! Se for a vontade de Deus. Estou feliz . E espero que as pessoas entendam a diferença de uma cesárea necessária, que salva vidas, de uma cesárea ELETIVA, que põe em risco a vida da mãe e do bebê. E EMPODEREM-SE! Eu me considero uma pessoa EMPODERADA, pois lutei pelo meu PN, fui até onde pude, porém foi feita a vontade de Deus. Não adianta apenas quer parto normal, tem que ler, se informar, procurar maternidade humanizada, se possível ( para mim foi FUNDAMENTAL, mesmo no final da gravidez) ter uma DOULA.
A mulher também tem que fazer sua parte.

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Mitos sobre o Parto Normal - 2

- Mecônio
É muito comum ouvir de mulheres que passaram por uma cesárea dizerem que o motivo foi: ah, o bebê fez cocô dentro da barriga.

Esse cocô é o mecônio. Na Obstetrícia um dos sinais clínicos que caracterizam que o bebê está em sofrimento é a presença do mecônio no líquido amniótico. Porém, já se sabe que a eliminação do mecônio antes do nascimento ocorre de maneira fisiológica em 10% das gestações, principalmente no termo ou nas gestações pós-termo. Assim, a presença de mecônio pode indicar que o bebê está comprometido e com falta de oxigênio em seus tecidos, mas também é comum nos bebês saudáveis que se encontram em trabalho de parto. Desta maneira, é importante que o profissional conheça em detalhes a fisiologia fetal e as limitações e imprecisões dos métodos utilizados para avaliar a o bem-estar do bebê, para que cesarianas desnecessárias não sejam indicadas.

Foto retirada do site: http://www.clinicadam.com/imagenes-de-salud/9616.html
- Parto normal após cesárea

“Posso ter parto normal depois de cesárea?”
Sim, você pode!
O parto vaginal após uma cesárea é, não só seguro, como desejável, ajudando a evitar os problemas que podem ocorrer por causa de cesáreas de repetição.
Em muitos países desenvolvidos as mulheres são estimuladas a tentar o parto vaginal após uma cesárea prévia. Sob o ponto de vista de morbidade tanto da mãe quanto do bebê, o parto normal é uma alternativa vantajosa se comparada às cesáreas com data e hora marcadas. 
Um dos problemas de se realizar cesárea mais de uma vez é o acretismo placentário (quando a placenta invade a parede do útero mais do que o normal). Isso acontece devido à presença de cicatrizes já existentes no útero.
Uma das preocupações é o risco de ruptura uterina, porém os estudos já realizados mostram que as taxas são muito baixas e que a realização de um parto normal é considerada adequada. Atualmente no Brasil é considerado seguro ter um parto normal após 2 anos da realização de uma cesárea.
É importante destacar que nenhum parto, tanto normal quanto cesárea, é isento de riscos. Entretanto, já foi comprovado que o parto normal é mais seguro, inclusive para mulheres que já passaram por um parto operatório.

Então, não desista! Você pode e você consegue!

Referências:
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticos de Saúde. Área Técnica de Saúde da Mulher. Parto, aborto e puerpério: assistência humanizada à mulher/Ministério da Saúde, Secretaria de Políticas de Saúde, Área Técnica da Mulher. – Brasília: Ministério da Saúde, 2001.
Martins-Costa SH, Hammes LS, Ramos JG, Arkader J, Corrêa MD, Camano L. Cesariana - Indicações. 2002. Projeto Diretrizes. Federação Brasileira das Sociedades de Ginecologia e Obstetrícia.
Souza AR, Amorim MR. Avaliação da vitalidade fetal intraparto, Acta Med Port. 2008; 21(3):229-240

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Mitos sobre o Parto Normal

Nos dias de hoje basta estar grávida para surgirem milhares de comentários a cerca dos perigos do parto normal. Mas se realmente o parto normal fosse apenas para as mulheres "corajosas" ou para aqueles que "podem" como nossas mãe, avós e bisavós nasceriam? Muitas inclusive de partos domiciliares sobre as mãos de parteiras tradicionais.

Pensando nisso, fizemos uma lista dos mitos que aparecem frequentemente quando o assunto é parto normal. Leia, se empodere e lute pelo seu parto!

- Bebê grande.
Existe um terrorismo a cerca do bebê gigante, muitos dizem que o bebê não conseguirá passar pela bacia da mãe e quando ela tem estatura pequena então... Aí é que não nasce de parto normal mesmo.
Essa é uma das maiores mentiras da face da terra, o grande erro é que desproporção céfalo-pélvica (DCP) não tem qualquer relação com o peso do bebê e sim com a relação entre os diâmetros da cabeça do bebê e a pelve materna. Por isso tanto bebês pequenos como bebês grandes podem ter DCP.
Além disso o diagnóstico de DCP não pode ser feito fora do trabalho de parto, é necessário que a mulher alcance a dilatação total ou que haja parada da evolução da dilatação e aguardar cerca de 4 horas. Se isso não acontecer aí sim pode-se falar em DCP e indicar uma cesárea ou o fórceps dependendo da evolução.
Outro ponto importante: nunca confie no peso que a ultrassonografia calcula, trata-se de um valor ESTIMADO que pode chegar a um erro de até 20%, por esse motivo ela não é confiável para classificar um bebê como grande ou pequeno. A altura uterina e a palpação nos fornece informações mais confiáveis quanto a estimativa de peso.

Fonte: CUNNINGHAM, F. et all. Williams Obstetrics.23nd edition.

- O cordão assassino.
Bebês com cordão enrolado no pescoço é uma das coisas mais normais da Obstetrícia, cerca de 20-40% dos nascimentos acontecem com circular de cordão. O que as pessoas dizem é que o bebê corre o risco de se "enforcar" ou se "sufocar" pelo cordão, mas como isso pode acontecer sendo que ele recebe o oxigênio através do sangue materno e não respira pelos pulmões?
Além disso as desacelerações na frequência cardíaca resultantes da compressão do cordão durante as contrações (denominadas umbilicais ou variáveis) podem ocorrer com ou sem circular, e o diagnóstico é feito através da simples ausculta dos batimentos fetais.

Foto retirada do site: http://www.renataolah.com.br/2012/06/circular-de-cordao.html

- Falta de dilatação.
Nenhuma mulher entra em trabalho de parto se for marcada uma cesárea antes disso, também não temos como afirmar em qual momento isso ocorrerá, até porque cada bebê se torna maduro no seu tempo e é esse o start para o trabalho de parto.
Algumas mulheres desconhecem os reais sinais de trabalho de parto e vão para a maternidade em pródromos, sendo internadas antes da hora e recebendo intervenções desnecessárias e muitas vezes sem sucesso. Por causa dessa sequência de erros ela ganha uma cesariana desnecessária e os profissionais alegam que a indicação foi a "falta de dilatação".

Não deixe ser enganada ;)

Referências:
Clapp JF 3rd, Stepanchak W, Hashimoto K, Ehrenberg H, Lopez B. The natural history of antenatal nuchal cords. Am J Obstet Gynecol. 2003;189: 488-93.

Leia mais sobre o assunto:

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Parto Normal X Cesárea Eletiva

Até meados do século XX, o modelo de parto no Brasil era pautado por atendimento domiciliar, prestado na maioria das vezes por obstetrizes ou parteiras. A partir dos anos 60, houve uma intensificação no processo de medicalização do parto e este passou a ser um evento na maioria das vezes hospitalar, sendo cada vez mais incorporadas metodologias diagnósticas e intervenções. Segundo dados do Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (Inamps), em 1970 no Brasil a taxa de cesárea era de 14,6%, aumentando para 25,3% em 1976 e alcançando a taxa de 31% no ano de 1980. A proporção de cirurgias cesarianas continua em ascensão, alcançando 52% em 2010 (Figura 1), sendo que já em 1985 a Organização Mundial da Saúde (OMS) aconselhava taxas de cesáreas entre 10 a 15%.
Figura 1.: Taxa de cesárea no Brasil de 1994 a 2010 por regiões. (Fonte: Secretaria de Vigilância em Saúde / MS)
Mas, o que mudou na cabeça das mulheres em relação ao parto para a realidade obstétrica ter mudado tanto em tão pouco tempo? NADA. Elas continuam preferindo o parto normal. Segundo uma pesquisa do Ministério da Saúde, cerca de 70% das gestantes apontam no início da gestação que desejam ter parto normal. No entanto, o que vemos no final das contas é bem diferente do esperado, principalmente se avaliarmos os números da rede privada: cerca de 80% dos partos são cesáreas. Sabendo disso, a culpa recai na atenção ao pré-natal, o principal evento que ocorre nesse meio tempo. Muitos profissionais desestimulam, direta ou indiretamente, o parto normal durante o atendimento pré-natal, invertendo os números da preferência da via de parto no final da gestação e resultando no triste cenário atual.
Os maiores medos que as mulheres alimentam durante a gestação sobre o parto normal é a dor da contração, a vagina "frouxa", e a insegurança do parto normal. Três grandes mitos! OK, a dor pode não ser um mito. Parto normal dói. Mas já repararam que todas as "passagens" que fazemos na vida doem, de um jeito ou de outro? A passagem de ser bebê para ser criança dói. Vai dizer que não lembra o primeiro dia na escolinha? A passagem de ser criança para ser adolescente dói. É tanta revolta, que nos revoltamos com nós mesmos. E, seguindo a lógica, a passagem de ser mulher pra ser mãe dói. E não é só dor física, quem dera fosse! Dói as mágoas. Dói as desilusões. Dói a alma. É um rito de passagem, e ele é a chance de enfrentarmos nossos medos, nossos leões, e conseguir vencer mais essa etapa da vida com louvor, como as outras tantas.
O segundo grande mito, a tal da vagina "frouxa", é um dos temas mais debatidos pela comunidade obstétrica. Muitas mulheres (e profissionais) acreditam que a passagem do bebê pelo canal vaginal durante o parto causa danos à musculatura perineal - músculo ao redor da vagina e ânus - e interferem na vida sexual da mulher. Na verdade, a maioria dos danos causados nessa região durante o parto é devido à má assistência do mesmo, com intervenções médicas desnecessárias. Aqui cabe a episiotomia, o tal corte no períneo para aumentar o diâmetro da vagina e "facilitar" a saída do bebê, evitando lacerações (lesão que ocorre naturalmente na pele e/ou musculatura). A episiotomia corta pele e músculo. A maioria das lacerações, quando elas ocorrem, atingem apenas a pele. Já conseguimos ver vantagem, certo? Além disso, quando o músculo é cortado, a reabilitação de sua função é bem difícil. Evitando esse tipo de atendimento, já estamos com meio caminho andado para o retorno muscular da vagina. A outra metade é feita ao evitar as lacerações na hora do parto realizando exercícios para fortalecimento da musculatura perineal durante a gestação. Esses exercícios devem ser feitos durante toda a vida e por toda mulher, pois o fortalecimento dessa musculatura previne outras complicações frequentes em mulheres, como o prolapso genital, ou a famosa "bexiga caída".
O terceiro mito é a segurança do parto. Algumas mulheres acreditam que a cesárea, uma cirurgia de alto porte, é mais segura do que o parto normal. Mito, mito, mito, mil vezes mito! Embora a cirurgia cesariana tenha surgido com o intuito de salvar vidas (e o faz diariamente), quando esta é realizada sem uma real indicação (eletiva), ou seja, quando a cesárea é feita fora de situação de emergência, há o efeito contrário. Recentes pesquisas mostram que as altas taxas de cesárea eletiva estão associadas com aumento da mortalidade materna e do recém-nascido. Além do aumento da mortalidade, as cesarianas em excesso estão associadas com maior necessidade de tratamento pós-natal com antibióticos, mais transfusões de sangue, menor frequência e duração da amamentação, maior tempo de internação hospitalar da mulher após o parto e maior índice de admissão de recém-nascidos para tratamento intensivo.
Para uma breve representação do quadro citado acima, um levantamento pela Secretaria de Vigilância em Saúde, Ministério da saúde, nos aponta que o risco relativo para morte materna entre cesáreas é de 3,5 vezes maior, quando comparada ao parto normal. Já infecção puerperal o risco é de 5 vezes maior nas cesáreas, quando comparada ao parto normal.
Em relação à prematuridade, uma das principais causas de morte de recém-nascidos, a Secretaria de Vigilância em Saúde aponta que, a partir 2000, há um aumento da prematuridade em crianças nascidas de cesáreas e uma tendência à diminuição da prematuridade em crianças nascidas de parto normal.
O parto normal ainda é a melhor via de nascimento, recomendada pelo Ministério da Saúde e pela Organização Mundial da Saúde. Além de menores índices de mortalidade e complicação materna e de recém-nascidos, o parto vaginal resulta em melhor e mais rápida recuperação da mulher pós-parto e maiores chances no sucesso da amamentação. A figura 5 apresenta uma breve comparação entre a cirurgia cesariana e o parto vaginal.
Com esses dados e muitos outros que uma rápida busca na literatura nos fornece, é possível concluir que a cirurgia cesariana sem uma real indicação, ao invés de melhorar os resultados maternos e dos recém-nascidos, como esperado, resulta em sérias complicações para a saúde das mulheres e dos bebês. Para conseguir um parto à sua escolha, opte por uma equipe de confiança e viva a experiência do nascimento como sonhada.

Figura 5.: Vantagens do parto normal. (Fonte: Ministério da Saúde)
Para saber mais sobre as indicações reais e fictícias de cesárea, clique aqui.
(Neste texto foi utilizado a denominação “taxa” para se referir à proporção de cesáreas.)

Referências:
Secretaria de Vigilância em Saúde, MS (2011). As cesarianas no Brasil: situação no ano de 2010, tendências e perspectivas. Disponível em: http://portalsaude.saude.gov.br/portalsaude/arquivos/pdf/2013/Fev/21/saudebrasil2011_parte2_cap16.pdf 
Villar J, Valladares E, Wojdyla D, Acosta A et al (2006). Caesarean delivery rates and pregnancy outcomes: the 2005 WHO global survey on maternal and perinatal health in Latin America. Lancet 2006 Jun 3;367(9525):1819-29. 
Villar J, Carroli G, Zavaleta N et al (2007). Maternal and neonatal individual risks and benefits associated with caesarean delivery: multicentre prospective study. BMJ 2007;335:1025.

domingo, 27 de outubro de 2013

Líquido Amniótico e ILA

Como prometido, um post sobre Liquido Amniótico, sua importância e algumas técnicas de como calcular.

O líquido amniótico tem grande importância no crescimento, no desenvolvimento e nas funções fetais, permitindo o deslizamento das partes fetais entre si e entre o feto e as membranas, favorecendo o desenvolvimento dos sistemas locomotor e respiratório, além de auxiliar na termorregulação fetal, prevenção da compressão do cordão umbilical e na proteção do feto contra traumas, como um amortecedor natural (Costa et al., 2005 e Kobayashi, 2005).
A cada hora, cerca de 3.600 ml de líquido amniótico são trocados entre a mãe e o feto, e essa troca depende do bem-estar fetal, da saúde materna e da placenta. O volume de líquido considerado normal varia de acordo com a idade gestacional, em torno de 250ml na 16ª semana, 800ml na 28ª semana, 1.000ml na 34ª semana e, após a 34ª semana, declina progressivamente, alcançando cerca de 800ml na 40ª semana de gestação (vide tabela abaixo). Vale lembrar que esses valores podem variar um pouco em cada mulher. (Costa et al., 2005).

Table 21-1. Typical Amnionic Fluid Volume
Weeks' Gestation
Fetus (g)
Placenta (g)
Amnionic Fluid (mL)
Percent Fluid
16
100
100
200
50
28
1000
200
1000
45
36
2500
400
900
24
40
3300
500
800
17
From Queenan (1991), with permission.


O volume do líquido também se relaciona com o peso fetal e placentário. Os fetos pequenos para a idade gestacional (PIG) geralmente apresentam redução do líquido amniótico, enquanto os grandes para a idade gestacional (GIG) geralmente apresentam volumes aumentados. Em casos onde as membranas estão intactas (não "estourou" a bolsa), o oligodrâmnio (pouco liquido) pode indicar algumas complicações em que o débito urinário do feto fique baixo, como má formações do sistema urinário fetal ou doenças relacionadas a insuficiência placentária, como o retardo de crescimento intra-uterino (RCIU), a hipertensão gestacional e a gravidez pós-termo. O polidrâmnio (muito líquido), por sua vez, também pode ser causado por vários distúrbios fetais e maternos, principalmente as malformações do trato gastrintestinal e o diabetes mellitus. (Costa et al., 2005).


Diagnóstico 


1. Métodos subjetivos:

-Verifica-se a Altura Uterina em associação com a idade gestacional e durante a ultrasonografia, dependendo da experiência do profissional. Em caso de polidrâmnio, há dificuldade na palpação e na ausculta dos batimentos cardíacos fetais.

2. Métodos semiquantitativos:
-Técnica da medida do maior bolsão vertical (MBV) Mede o maior bolsão vertical, livre de cordão e partes fetais, visualizado por meio da ultra-sonografia. Considera-se normal quando o maior bolsão mede entre 20 mm e 80 mm;



Retirado de COSTA, 2005 

- Índice do líquido amniótico (ILA) – Esse método utiliza a medida do maior bolsão vertical em cada um dos quatro quadrantes do útero. As medidas de cada bolsão devem estar livres de alças de cordão e partes fetais. Bolsões muito pequenos, menores de 5 mm, não devem ser medidos. A curva de normalidade de ILA para cada idade gestacional determina que o ILA maior que o percentil 95 indica polidrâmnio e menor que o percentil 5 indica oligoidrâmnio;

ÍNDICE DE LÍQUIDO AMNIÓTICO EM CENTÍMETROS 

- Técnica da medida bidimensional do maior bolsão (MBMB) – Esta técnica multiplica a medida do maior diâmetro vertical pelo maior diâmetro horizontal. O bolsão escolhido deve estar livre de alças de cordão e partes fetais. Os valores de normalidade são definidos entre 15,1 cm² e 50,0 cm.
Retirado de Kobayashi, 2005 

O valor clinico da ultra-sonografia não é estimar o valor absoluto de líquido amniótico, mas de identificar quais pacientes encontram-se fora dos valores de normalidade para a idade gestacional e no seguimento dessas pacientes (Kobayashi, 2005).

Condutas:
O tratamento para o oligoâmnio varia de acordo com a sua causa. Se a causa for má formação ou doença renal do feto, indica-se conduta invasiva em centros médicos especializados; em casos de diminuição da função placentária, o repouso é uma das terapias indicadas, antes de se indicar a indução do parto; Já na rotura prematura de membrana (a bolsa "estourar" antes da hora), indica-se repouso e ingestão de líquido em grande quantidade (3-4L por dia). É importante salientar que é necessário um maior acompanhamento para avaliar a condição do feto.
Para o polidrâmnio, é indicado o esvaziamento da bolsa, procedimento realizado intrahospitalar, no qual é realizado uma punção e retira-se o líquido aos poucos. Também pode-se associar terapia medicamentosa. (Ministério da Saúde, 2000)
Como já dito, alterações são comuns e variam em cada mulher e seus hábitos. O ideal é realizar o pré-natal adequadamente e pedir sempre informações para um profissional apto, pois diversos casos podem ser solucionados com ingestão de água ou retirada de líquido.



ÍNDICE DE LÍQUIDO AMNIÓTICO EM MILÍMETROS 



CUNNINGHAM, F. et all. Williams Obstetrics.23nd edition. .New York McGraw –Hill -Dark A Degenhardt W (2007)
COSTA, Fabrício da Silva; CUNHA, Sérgio Pereira da; BEREZOWSKI, Aderson Tadeu. Avaliação prospectiva do índice de líquido amniótico em gestações normais e complicadas. Radiol Bras, São Paulo , v. 38, n. 5, Sept. 2005
GILBERT, S.F. - Developmental Biology. 7ª edn. Sinauer Associates March, 2003
Ministério da Saúde, Gestação de Alto Risco / Secretaria de Políticas, Área Técnica da Saúde da Mulher. _ Brasília : Ministério da Saúde, 2000.
KOBAYASHI, Sergio. Avaliação ultra-sonográfica do volume do líquido amniótico.Radiol Bras, São Paulo , v. 38, n. 6, Dec. 2005 .MOORE, Keith L; PERSAUD, T. V. N. Embriologia clínica. 8ª. ed Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.
SAWTER, T.W. – Langman: Medical Embryology. 11ª ed. Lippincott Williams & Wilkins, March , 2006