sábado, 22 de fevereiro de 2014

Como saber se estou em trabalho de parto?

Muitas, muitas e muitas gestantes têm essa mesma dúvida, principalmente aquelas que estão esperando o primeiro bebê. Afinal como ter certeza que é trabalho de parto? 
Antes disso, tem uma pergunta ainda mais importante: o que é o trabalho de parto? Basicamente é a presença de contrações uterinas com intervalos regulares, que aumentam de intensidade e frequência de acordo com a progressão do tempo, somado a isso também ocorre o esvaecimento e a dilatação do colo uterino.

Imagine o útero como uma garrafa pet e o colo como o bico dessa garrafa; existem dois orifícios nesse bico, um que fica dentro da garrafa (orifício interno) e o outro que fica fora (orifício externo). A dilatação equivale ao diâmetro do orifício externo e o esvaecimento é a distância entre o orifício interno e o orifício externo. No início do trabalho de parto essa distância é grande por isso dizemos que o colo está grosso, com o avanço do trabalho de parto a distância irá diminuindo gradativamente até o momento em que não conseguimos mais perceber o orifício interno, o que denominamos de colo fino. A imagem abaixo ilustra bem isso:


Bom, sabendo em que consiste o trabalho de parto é importante compreender como ocorre cada fase que levará por fim o nascimento do bebê. Só assim você conseguirá perceber os sinais que o corpo irá te mostrar e então ter certeza de que a hora P está chegando. 

- Fases do Trabalho de Parto

Fase latente: ocorre o amadurecimento do colo, a dilatação é lenta, as contrações surgem com intervalos de 20 a 10 minutos, duram cerca de 30 segundos e são na maior parte das vezes indolores. Não é o momento de ir à maternidade ou casa de parto, aproveite esse período para descansar e avise sua doula e/ou parteira.

Fase ativa: a dilatação aumenta progressivamente, as contrações surgem com intervalos cada vez menores e durando cerca de 60 segundos. Essa é a fase ideal para se movimentar com caminhadas, exercícios de bola e agachamento, banhos quentes e dança; a massagem é um importante aliado para o alívio da dor. A presença da doula e do acompanhante de sua escolha é fundamental nesse período. 

Transição: as contrações ficam cada vez mais próximas, com intervalos que podem chegar a um ou dois minutos. Muitas mulheres classificam esse período como o mais difícil e doloroso, algumas chegam a duvidar da sua capacidade de parir e pedem por uma cesariana. Porém a parte boa é que está muito muito muito muito perto do seu bebê nascer, tente se lembrar disso e crie forças para esse final de trabalho de parto. Medidas de conforto e alívio da dor são indispensáveis durante a fase de transição.

Expulsivo: ele se inicia com a dilatação total e presença de puxos. Pode durar desde alguns minutos até horas. A natureza é tão perfeita que nesse momento as gestantes se tornam mais lúcidas e poderosas, são capazes de instintivamente escolherem a melhor posição para parirem. Você irá sentir uma vontade incontrolável de fazer força durante as contrações, no intervalo entre elas lembre-se de respirar lentamente. 

Algumas mulheres sentem dúvidas entre a fase latente e a ativa, por isso acabam indo precocemente a maternidade ou a casa de parto, então vai uma dica de parteira:
Quando perceber a presença de contrações, a primeira coisa a se fazer é contar no relógio por uma hora qual o intervalo entre elas e perceber se esse intervalo se mantém. Geralmente as contrações de trabalho de parto começam a cada 20 minutos, depois a cada 10 minutos e assim sucessivamente. Se elas não estiverem ritmadas é um alarme falso, o melhor é tentar relaxar e segurar a ansiedade.

Se estiverem ritmadas avise sua doula, caso tenha uma, e tome um banho bem quente e relaxante, depois cronometre no relógio novamente, se elas ficarem mais espaçadas, irregulares ou simplesmente sumirem, de novo é um alarme falso. Caso elas se mantenham com a mesma frequência ou até se intensificarem é um real trabalho de parto.

                                                                                                                  Bom parto! 

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Métodos anticoncepcionais - se prevenindo no pós-parto.

                Logo após a alta da maternidade muitas mulheres ficam preocupadas com a possibilidade de gravidez seguida, e é extremamente comum recebermos dúvidas em relação aos métodos anticoncepcionais no pós-parto. Vamos, então, conhecer nossas possibilidades:

               1. Método LAM (Método da amenorréia da lactação)

               Esse nome estranho significa: evitar uma nova gestação por meio da amamentação. Esse método pode ser utilizado durante os seis primeiros meses após o parto. Nesse período a fertilidade da mulher estará diminuída caso ela não apresente menstruação e pratique a amamentação exclusiva e à livre demanda, ou seja, amamente conforme necessidade do bebê, sem hora marcada, e sem introdução de outro alimentos, como água ou chás. A amamentação exclusiva nos seis primeiros meses previne uma nova gravidez pois a frequente sucção dos mamilos pelo bebê interfere na produção hormonal da mulher, impossibilitando a ovulação. Mas, se o bebê recebe qualquer outro tipo de alimento, inclusive água, ou a menstruação voltar, a proteção oferecida pela amamentação estará comprometida. Segundo o Ministério da Saúde, com a utilização correta desse método, a taxa de falha é de apenas 0,5 a 2 gravidezes por cada 100 mulheres, ou 0,5% a 2% de falha, número muito menor do que a taxa de falha do preservativo masculino (3 a 14 gravidezes por 100 mulheres ou 3% a 14% de falha), por exemplo.

         Quando o efeito inibidor da ovulação por meio da amamentação se torna ineficiente, seja por introdução de outros alimentos ao bebê, seja por retorno da menstruação, é necessário iniciar outro método de proteção.

             2. Métodos não hormonais

            São meios de prevenir a gravidez não planejada sem a utilização de hormônios (pílulas ou injeção). Um dos métodos não hormonais que podemos utilizar no pós-parto é o DIU (Dispositivo Intra-Uterino) (Figura), que possui formato de “T”. Esse dispositivo é introduzido no útero e impede a fecundação, ou seja, o encontro do espermatozóide e óvulo. Normalmente o DIU pode ser inserido logo após o parto ou a partir de 4 semanas pós-parto. Outro método não hormonal clássico que podemos utilizar nessa fase é o método de barreira, ou seja, a camisinha (masculina ou feminina).

Figura: DIU. Aparelho genital feminino com DIU inserido no útero.

                     3. Métodos hormonais

               A utilização de anticoncepcionais hormonais pode ser iniciada após 6 semanas pós-parto, porém devemos tomar alguns cuidados. Durante a fase de amamentação, os anticoncepcionais que contém estrógenos não podem ser utilizados, pois esse hormônio diminui a produção e qualidade do leite materno e pode afetar a saúde do bebê. Por isso, durante essa fase nossas opções são os anticoncepcionais orais só de progesterona (chamados de minipípula) ou o anticoncepcional injetável trimestral. Fiquem longe dos anticoncepcionais orais combinados e dos injetáveis mensais e não se automediquem. Em muitas bulas de anticoncepcionais vocês irão encontrar apenas o nome sintético dos hormônios, o que pode induzir a um erro comum de achar que o anticoncepcional não possui estrógenos.

                     4. Métodos comportamentais

              Os chamados métodos comportamentais são a tabelinha, muco cervical, entre outros. Esses métodos só poderão ser utilizados após o retorno e regularização do ciclo menstrual.

             A consulta pós-parto é o momento ideal para discutir com o profissional o método anticoncepcional mais adequado para sua rotina. Nós, da equipe Jesthar, também estamos à disposição para maiores informações. Contem conosco!

                                       

Bibliografia:
  1. Ministério da Saúde (2006). Manual Técnico Pré-Natal e Puerpério.
  2. Ministério da Saúde (2002). Manual Técnico Assistência em Planejamento Familiar.