quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Restrição de Crescimento Intrauterino. Que bicho é esse?

No post passado discutimos PIG, AIG e GIG, e citamos que a ocorrência de bebês PIGs geralmente está associada à Restrição de Crescimento Intrauterino (RCIU). Hoje vamos entender o que é RCIU, suas causas e consequências.

A RCIU ocorre quando o bebê não chega ao tamanho que teoricamente conseguiria, tomando em conta sua genética. Basicamente as causas de RCIU são divididas em dois grupos: 

1. Fatores fetais intrínsecos que diminuem o crescimento potencial, como, por exemplo, síndromes genéticas ou infecções congênitas, aquelas transmitidas da mãe para o bebê. 

2. Condições que afetam a transferência de nutrientes e oxigênio para o bebê, como a desnutrição materna, uso de drogas, ou insuficiência placentária.

A RCIU está associada com o aumento de morbidade (doença) e mortalidade (morte) perinatal - período que corresponde ao intervalo entre a 22ª semana de gestação e o 7º dia de vida do bebê. O correto diagnóstico de RCIU e a assistência adequada no pré-natal podem diminuir os riscos de complicações.

Bom, então como diagnosticar RCIU corretamente? Quando o profissional de saúde desconfia de RCIU, é solicitada uma ultrassonografia, que avaliará o crescimento fetal. Os valores coletados acerca do crescimento fetal serão comparados com o esperado para a idade gestacional, sendo, portanto, de extrema importância a determinação exata da mesma. A definição da idade gestacional deve levar em conta a certeza da data da última menstruação (DUM), a ultrassonografia realizada no primeiro trimestre (até 12 semanas de gestação) ou, pelo menos, duas ultrassonografias até a 20ª semana de gestação, compatíveis entre si em relação à idade gestacional.

Após a certeza da idade gestacional, o diagnóstico de RCIU será baseado na avaliação dos seguintes dados: volume de líquido amniótico; biometria fetal em relação ao esperado para a idade gestacional (medidas do bebê, como a circunferência abdominal); avaliação do crescimento fetal durante o decorrer da gestação; e função placentária, avaliada pelo Doppler.

Quando diagnosticado RCIU, a conduta irá depender, basicamente, da vitalidade fetal e do volume de líquido amniótico. Quando há alteração nessas condições, a conduta será o chamado “parto prematuro terapêutico”, ou seja, a indução do parto ou cirurgia cesariana, a depender das condições fetais no momento. Se não houver alterações no líquido amniótico ou na vitalidade fetal, a conduta será expectante, ou seja, acompanhamento e reavaliação periódica do bebê através da ultrassonografia e Doppler.



Referências:
Sá RAM, Oliveira CA, Peixoto-Filho FM, Lopes LM. (2009). Predição e prevenção do crescimento intrauterino restrito. FEMINA | Setembro 2009 | vol 37 | nº 9

Neto ARM, Córdoba JCM, Peraçoli JC. (2011).. Etiologia da restrição de crescimento intrauterino (RCIU). Com. Ciências Saúde - 22 Sup 1:S21-S30, 2011